29/09/2025 | edição #0060

Bom dia.

Vamos nessa. Começando pelos nossos QUICK TAKES da semana.

Quote: "Eu pessoalmente acho um luxo você ter o ministro da Fazenda e secretário do Tesouro fazendo comentários sobre política monetária com a delicadeza, gentileza e com a educação que eles fizeram", Gabriel Galípolo, presidente do BC.

Stat: BC revisa crescimento do PIB para 2% em 2025, influenciado por tarifas (CNN Money)

Watch: É o fim do Trade Tarcísio? (Market Makers)

VARIAÇÕES SEMANAIS | COTAÇÕES DE SEXTA-FEIRA, 26/09 (PÓS FECHAMENTO)

Meia volta, volver!

A última quinta-feira pode ter representado o “dia do fico”, de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.

Apontado como o mais forte candidato da direita à presidência em 2026, ele estaria decidido a dizer ao padrinho político, Jair Bolsonaro, que pretende ficar onde está e concorrer à reeleição paulista no ano que vem.

Esse é, talvez, o fato político mais importante para o mercado financeiro nas últimas semanas. Tarcísio, até agora, dá nome ao trade (Trade Tarcísio) que os investidores querem para 2026. 

Apesar das notícias, muita gente no mercado ainda acredita que o recuo é tático. Evita que o governador paulista vire vidraça antes do tempo, especialmente num momento de popularidade mais alta do presidente Lula, possível candidato à reeleição. 

A personificação. Tarcísio de Freitas incorporou em seu nome o desejo do mercado de mudanças na condução da economia. De acordo com o analista da Empiricus, Matheus Spiess, não é sobre a pessoa em si, mas sobre o projeto que ele pode executar.

“O mercado enxerga o governo atual como não convicto da necessidade de uma reforma. Se o governo atual não consegue propor uma alternativa, o que eu tenho que mirar em 26?”

Não à toa, gestores acreditam que a elevação do Ibovespa e a baixa do dólar já contém - além de fatores externos - um pouco do otimismo do mercado com a alternância de poder.

O economista Alexandre Espírito Santo apontou, em sua coluna no Valor Investe, uma espécie de FOMO (Fear of Missing Out) do mercado financeiro:

“Minha percepção é que todo esse movimento de valorização dos ativos tupiniquins foi motivado pelo receio dos investidores estrangeiros de ficarem de fora de uma eventual alta da nossa bolsa em caso de mudança presidencial, como ocorreu na Argentina, com a vitória de Javier Milei. Ninguém quer correr o risco de perder a oportunidade vinda de uma vitória de Tarcísio: um candidato de perfil mais conservador e liberal, fortemente comprometido com a austeridade fiscal.”

Há investidores conhecidos no mercado que, inclusive, bancam previsões sobre ações de um eventual governo Tarcísio. 

Por que Tarcísio? O governador paulista passou a ser o favorito do mercado por algumas razões, listadas por fontes ouvidas por Dollar Bill:

  • tem fama de bom executor e “reclama pouco”;

  • não é histriônico como Bolsonaro ou Lula;

  • está alinhado a uma política econômica liberal e pró-mercado;

  • e principalmente, aparece nas pesquisas como o mais bem posicionado candidato da direita, capaz de bater Lula numa disputa de segundo turno.

“A única chance do Lula ganhar seria contra o Bolsonaro. Eu acho que agora o Bolsonaro está fora. Então, acredito que no Brasil o cenário é muito positivo no Tarcísio”, afirmou Felipe Guerra, da Legacy Capital, em evento da XP. 

Mas Tarcísio não é o único. E aliás, é o único que tem algo a perder, de fato, já que pode ser candidato à reeleição no cargo em que está. 

Quem corre por fora, à direita, não tem o mesmo cenário: os governadores Eduardo Leite (RS), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO) e Ratinho Jr (PR) não podem mais concorrer à reeleição e apostam no Planalto como próximo passo.

Ratinho Jr com vantagem em relação aos demais num eventual fim do “Trade Tarcísio” e com um apoio de peso, o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Embora menos popular que o plano A da direita, Ratinho Jr. tem características que agradam ao mercado. E tem investido em mostrá-las.

Em entrevistas recentes e participações em reuniões na Faria Lima, o governador paranaense insiste em falar sobre suas iniciativas econômicas que cortaram gastos e aumentaram o PIB do estado - pautas que são música aos ouvidos do mercado. 

O outro lado. O Trade Tarcísio (ou Ratinho) é apenas um lado da moeda nas eleições de 2026. Embora considere a probabilidade difícil, o mercado também olha com atenção para uma possível reeleição de Lula.

O tarifaço de Donald Trump e a atuação da família Bolsonaro no caso fortaleceram o governo e aumentaram a popularidade do presidente - um dos motivos que teriam feito Tarcísio pensar em não trocar “certo pelo duvidoso”. 

Agora, com a “boa química” com o presidente americano, Lula pode dar mais um passo em direção à recuperação da popularidade perdida nos últimos meses. 

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Segunda, 29/09: Boletim Focus, IGP-M e Caged (Brasil); Confiança do Consumidor, Serviços e Indústria (Zona do Euro); PMI Industrial e Composto (China).

Terça, 30/09: Balanço orçamentário e taxa de desemprego (Brasil); PIB (Reino Unido); IPC (Alemanha); Confiança do consumidor e Ofertas de emprego (EUA). 

Quarta, 01/10: Feriado (China); IPC (Zona do Euro); PMI Industrial (EUA e Canadá); Estoques de petróleo bruto (EUA). 

Quinta, 02/10: Feriado (China); IPC-Fipe (Brasil); Pedidos de seguro-desemprego e Balanço patrimonial do FED (EUA).

Sexta, 03/10: Feriado (China); PMI (Zona do Euro, EUA e Brasil); Relatório de emprego (EUA); 

#01 - O homem que quebrou a Bolsa

#02 - Caro ou barato? 

#03 - Trump, remédios e a indústria

DOLLAR BILL // THAT'S ALL, FOLKS

BECAUSE MONEY MATTERS. A leitura semanal obrigatória para gestores, traders e CEOs. Toda segunda-feira na sua caixa de entrada.