26/05/2025 | edição #0042

Bom dia. O governo testou o mercado, errou a mão e voltou atrás. Trump acordou nostálgico e trouxe 2018 de volta com tarifa. A semana começa com o investidor entre o susto fiscal e a ressaca externa. Hoje não é dia de ter razão. É dia de sobreviver à abertura.

Boa sorte. E olho na curva.

Vamos aos nossos quick takes!

Quote: “Crescimento trouxe burocracia; com mudanças na gestão estamos voando”, David Veléz, CEO do Nubank (Valor)

Stat: Correção de toda a tabela do IR custaria mais de R$100 bi por ano (Agência Brasil)

Read: O diabo na rua, no meio de redemunho (Alexandre Shwartsman, Estadão)

VARIAÇÕES SEMANAIS | COTAÇÕES DE SEXTA-FEIRA, 23/05 (PÓS-FECHAMENTO)

BOLSA 📈 

COMMODITIES 🌾

MOEDAS 💵 

E não sobrou ninguém

Uma semana em que o governo conseguiu tirar todo mundo do sério ao mesmo tempo — e nem resolveu as contas públicas.

Não é por acaso que o título da nossa Big Story é uma paráfrase do nome de um livro de Agatha Christie. As medidas anunciadas pelo governo na quinta-feira, 22, tiveram efeito incendiário. Um tapa do Capitão Nascimento teria doído menos. 

E parece deixar claro que o governo não tem outras soluções para as contas públicas se não criar impostos e aumentar alíquotas. 

As medidas incluem:

  • Congelamento de R$ 31,3 bilhões em despesas do orçamento de 2025;

  • Aumento do IOF para compra de moeda estrangeira em espécie, que passou de 1,1% para 3,5%;

  • Elevação das alíquotas para empresas em operações de crédito;

  • Criação de alíquota de 5% para aportes acima de R$50 mil em planos de previdência complementar (VGBL).

O primeiro item da lista, o congelamento, foi o carinho antes do tapa. É maior do que o mercado esperava (embora a divisão seja R$10,6 bilhões em bloqueios temporários e R$20,7 bilhões em contingenciamentos mais duradouros). 

Mas não veio sozinho, claro.

O aumento do IOF afeta diretamente as operações de crédito para empresas:

  • Antes: 0,38% na contratação; 0,0041% ao dia; 1,88% ao ano.

  • Agora: 0,95% na contratação; 0,0082% ao dia; 3,95% ao ano.

Para empresas do Simples Nacional, a alíquota anual passou de 0,88% para 1,95%.

Sobrou até para os fundos de previdência, que ganharam uma alíquota no aporte:

Embora o ministro tenha dito que “mantém diálogo permanente com o mercado", a Fazenda pareceu “surpresa” com a reação do mercado. Afinal, todo investidor odeia pagar imposto num aporte que faz, e menos ainda em um que ainda nem teve retorno. Depois do incêndio, o governo veio com o extintor. Mas já estava tudo queimado. E o mercado entendeu os sinais, apesar da recuada:

A amaciada veio justamente nos fundos e nas remessas ao exterior:

  • Permaneceu em zero a alíquota do IOF sobre aplicações de investimentos de fundos nacionais no exterior;

  • Manteve em 1,1% a alíquota para pessoas físicas que enviam dinheiro ao exterior para investimentos.

"Pode ser que tenhamos que ampliar o contingenciamento, fazer um ajuste nessa faixa. O importante é que foi revisto e nós temos uma semana para enviar o decreto", disse Haddad.

As medidas pegaram tão mal que até Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, foi a público dizer que “nunca gostou” da ideia de usar o IOF para aumentar a arrecadação. Mas também fez um desagravo ao dizer que Haddad foi rápido ao revisar as medidas. 

A redução gradual do IOF também foi para o brejo. A alíquota vinha sendo reduzida em um ponto percentual por ano. Em 2025, a alíquota chegaria a 3,38% sobre compras com cartões de crédito, débito e pré-pagos internacionais, mas, com a revisão, foi ajustada para 3,5%.

Tanto barulho para nada? O que ainda gera desconfiança no mercado é que mesmo com as medidas - e o governo espera arrecadar R$20,5 bilhões adicionais ainda em 2025 - o déficit deve ficar no teto de 0,25% do PIB.

🏗️ INDÚSTRIA: BYD supera Tesla em vendas pela 1ª vez | Esse fato reflete tanto a ofensiva da empresa da China para conquistar o continente europeu quanto uma resistência dos europeus ao dono da Tesla, Elon Musk. (Poder 360)

🌾 AGRONEGÓCIO: Vendas de café no varejo do Brasil caem 5,13% no 1º quadrimestre em meio à alta no preço | Com frustrações de safra de café no Brasil e em países como o Vietnã, os preços dos grãos arábica na bolsa de Nova York dispararam para níveis recordes. (Money Times)

🍽️ SERVIÇOS: Nubank anuncia saída do presidente e COO Youssef Lahrech; Vélez assume funções | Trata-se da quarta mudança no alto escalão do Nubank nas últimas semanas. Neste mês, o banco comunicou a nomeação de Roberto Campos Neto como seu novo diretor global de Políticas Públicas e vice-chairman. (Bloomberg Línea)

🛍️ VAREJO: Fundador do Mercado Livre deixa a empresa após 25 anos | Companhia elegeu Ariel Szarfsztejn como novo CEO. Marcos Galperin assumirá novo papel de presidente executivo da empresa (Neofeed)

CONTEÚDO PATROCINADO POR MPRIVATE

A estrutura do próximo bull market brasileiro

Participe do encontro com Cristian Keleti, Ivan Barboza, Matheus Soares e Thiago Salomão. Restam 8 vagas para desfrutar de networking, conhecimento profundo e acesso às mentes de grandes vencedores do mercado.

Data: 6 de junho (sexta)
Horário: 11h30 às 15h
Local: Região da Faria Lima

  • Acionistas da JBS (JBSS3) aprovam dupla listagem das ações (Infomoney)

  • Cresce o número de litígios que envolvem companhias de capital aberto no Brasil (Valor)

  • Patria estreia no segmento de shopping centers com a compra de 6 FIIs da Genial com R$ 2,5 bilhões em ativos (Seu Dinheiro)

  • Equipe econômica prevê arrecadar até R$ 15 bilhões com venda de petróleo (CNN Brasil)

  • Gestora de Bill Ackman monta posição na Amazon após queda de 31% das ações (Bloomberg Línea)

  • Trump ameaça Apple com taxa de 25% caso iPhones não sejam fabricados nos EUA (G1 Tecnologia)

  • Em votação apertada, Câmara dos EUA aprova mega pacote de cortes de impostos de Trump (G1 Economia)

O que de mais importante está agendado para esta semana

Segunda, 26/05: Feriado bancário (Inglaterra); Feriado (Estados Unidos); Boletim Focus e Investimento estrangeiro direto (Brasil);

Terça, 27/05: IPC de meio de mês (Brasil); Pedidos de bens duráveis e Confiança do Consumidor (EUA); 

Quarta, 28/05: Vagas de emprego - Caged (Brasil); Ata da Reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (EUA); 

Quinta, 29/05: IGP-M e Taxa de desemprego (Brasil); PIB (EUA); Pedidos iniciais de seguro-desemprego (EUA)

Sexta, 30/05/: Vendas de casas novas (EUA); Posições líquidas especulativas da CFTC (Brasil).

Algumas threads legais que vimos e vale você ver também

#01 | O impacto do leilão de títulos americanos no mercad

#02 | Essa história sobre Warren Buffett e um teste de Benjamin Franklin

Ontem foi dia de Fórmula 1 em um dos Grand Prix mais clássicos do circuito (e com certeza o mais charmoso): Mônaco.

O circuito é conhecido por ser em ruas públicas, fora de um autódromo e, além disso, por iates atracados na marina virarem verdadeiras arquibancadas.

Inclusive, neste ano, o que mais chamou a atenção foi que um bilionário simplesmente colocou uma McLaren Lotus GT de US$ 4 milhões exposta em seu iate. Parece ter dado sorte para a equipe — que fez dobradinha no pódio.

Outra curiosidade da cidade é que mais da metade de todos os pilotos da F1 vivem nela, a menos de 1km quadrado um do outro. Veja esse post do Joe Pompliano explicando o porquê.

DOLLAR BILL // THAT'S ALL, FOLKS

BECAUSE MONEY MATTERS. A leitura semanal obrigatória para gestores, traders e CEOs. Toda segunda-feira na sua caixa de entrada.