25/08/2025 | edição #0055

Bom dia. Já que vamos falar de efeito borboleta, fica a reflexão: já parou para pensar nas suas pequenas ações do dia e no que elas provocam por aí? Vale para a vida e para os investimentos.

Vamos nessa. Começando pelos nossos QUICK TAKES da semana.

Quote: “Trump vai para o tudo ou nada no Fed de uma maneira que nunca vimos na vida”, Luiz Stuhlberger, gestor do fundo Verde. 

Stat: Arrecadação do governo atinge R$ 254,2 bi em julho e bate recorde para o mês (Istoé Dinheiro)

Read: Um colégio pró-AI e anti-DEI é a nova ‘tese’ de Bill Ackman (Brazil Journal)

VARIAÇÕES SEMANAIS | COTAÇÕES DE SEXTA-FEIRA, 22/08 (PÓS FECHAMENTO)

Efeito borboleta: Dino, Mariana e os bancos brasileiros

s.m. Efeito borboleta. A ideia central é que um pequeno evento, como o bater de asas de uma borboleta, pode, através de uma cadeia de eventos, gerar consequências significativas e imprevisíveis, como um furacão em outro lugar do mundo. 

E é assim que uma decisão sobre a tragédia de Mariana derrubou as ações dos bancos brasileiros nesta semana. O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, decidiu, ao julgar esta ação, que leis estrangeiras não são válidas automaticamente no Brasil.

Isso acertou em cheio a Magnitsky. A lei, imposta pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes,  o impede, por exemplo, de ter ativos em instituições financeiras que operem nos Estados Unidos. 

Os bancos estariam, portanto, impedidos de oferecer serviços a ele. 

Embora a decisão de Dino não verse sobre a Magnitsky, a associação foi tão imediata que disparou a quantidade de buscas pelo termo “Lei Magnitsky” no Google. E fez o mesmo com o nome do ministro. 

O mercado imediatamente começou a prever - e acertou - as consequências da decisão.

Mas, em que a decisão de Dino afeta os bancos? 

Muitos deles já vinham cumprindo a lei. Na quinta-feira, o jornal Valor Econômico divulgou que o Banco do Brasil, por exemplo, teria cancelado um cartão de bandeira americana do ministro, em cumprimento à lei

No dia anterior, políticos de oposição foram questionar no Congresso se os bancos públicos (Caixa e BB) estavam cumprindo a lei.

A questão é que a decisão do ministro, além de aumentar a sensação de insegurança jurídica — comum no Brasil, para o terror do mercado — deixa os bancos numa saia justa:

  1. Obedecer ao STF, mantendo serviços a clientes sancionados ou

  2. Cumprir a lei americana e manter as sanções mesmo no Brasil.

Nos dois cenários pode haver perdas sérias de negócios e risco de multas volumosas, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil.

Também há insegurança jurídica quanto ao que descumprir a lei americana significa. Não está claro para os bancos as consequências de não atender à sanção.

O economista e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall, disse em entrevista ao jornal O Globo:

“Os bancos buscam, sobretudo, os recursos em dólar. Vão captar para financiar operações de comércio exterior. É o principal objetivo. Então, há uma dependência dos grandes bancos americanos. Se você tem um banco brasileiro que está lá e tem uma pessoa sancionada, isso vai forçar os bancos de lá a dizer que não podem te financiar.”

Os investidores entenderam o recado e o dilema derrubou as ações dos bancos. A perda de valor de mercado foi bilionária no dia da decisão do STF. A “terça-feira sangrenta” teve seus impactos medidos pela consultoria Elos Ayta, que levantou o tamanho da perda dos bancos:

  • Itaú Unibanco – 14,71 bilhões

  • BTG Pactual – 11,42 bilhões

  • Banco do Brasil – 7,25 bilhões

  • Bradesco – 5,40 bilhões

  • Santander – 3,20 bilhões

Foram mais de R$ 41 bilhões em 1 único dia. 

Na quarta-feira, dia seguinte à decisão do ministro do Supremo, houve recuperação. Mas a tensão permanece — entre as cúpulas dos bancos e também entre investidores.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse em relatório:

“Esse jogo de retórica é extremamente prejudicial, à medida que traz implicitamente uma elevação do risco-país, mitigando investimentos instantaneamente e com efeito prolongado”

As manchetes nacionais, seguiram apontando para futuros nada auspiciosos.

Mas, no fim, o que se tem agora é um compasso de espera. 

O Supremo Tribunal Federal vai avaliar o tema em plenário.

E o que traz ainda mais incerteza é que o entorno da Corte diz que não há consenso entre os ministros — ou seja, o resultado dessa votação também é imprevisível. 

Se a decisão de Flávio Dino for revogada, os bancos seguirão com o que já estavam fazendo: aplicando as sanções a pessoas atingidas pela lei americana.

Se a decisão for referendada, surge o problema: como bancos com negócios globais vão cumprir decisões antagônicas de países diferentes? E quais os impactos que isso trará para as instituições? 

É o ponto final do efeito borboleta — que ainda não parou de acontecer. 

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A fantasia de Donald Trump sobre a produção nacional de chips (The Economist)

O que é mais importante para o mercado de ações: o FED ou a NVIDIA? (The New York Times)

Segunda, 25/08: Boletim Focus e Confiança do consumidor FGV (Brasil); Vendas de casas novas (EUA).

Terça, 26/08: Transações correntes, investimento estrangeiro direto e IPCA-15 (Brasil); Confiança do consumidor (EUA). 

Quarta, 27/08: Empréstimos bancários e fluxo cambial estrangeiro (Brasil); Estoques de petróleo bruto (EUA). 

Quinta, 28/08: IGP-M, Caged e reunião do CMN (Brasil); Pedidos de seguro desemprego (EUA). 

Sexta, 29/08: Balanço orçamentário e Taxa de desemprego (Brasil); PIB (França e Canadá); Núcleo do índice de preços, PMI de Chicago (EUA). 

#01 - Uma boa notícia?

#02 - O império dos chips

Jogador Caro

Essa é a primeira peça divulgada — de uma de série — feita para a Juventus pela grife italiana Giorgio Armani. É a primeira vez que o clube e a marca fazem uma parceria.

Nesta iniciativa, ainda será confeccionada uma seleção de ternos criados para acompanhar os jogadores da equipe principal masculina em todas as ocasiões oficiais fora de campo até 2027. 

DOLLAR BILL // THAT'S ALL, FOLKS

BECAUSE MONEY MATTERS. A leitura semanal obrigatória para gestores, traders e CEOs. Toda segunda-feira na sua caixa de entrada.