17/03/2025 | edição #0032

Quote: “Em 2027, seja quem for o próximo presidente da República, não governa com esse arcabouço fiscal sem gerar inflação, dívida e detonar a economia.” — Simone Tebet, sobre ajuste fiscal. (Leia Coluna do Valor sobre a fala dela aqui)

Stat: R$ 5,86 trilhões | Valor total previsto pelo Congresso para o Orçamento Federal de 2025 (Câmara)

Read: Why silver is the new gold (Economist)

VARIAÇÕES SEMANAIS | COTAÇÕES DE DOMINGO, 09/03 (PRÉ-MERCADO)

A XP é uma pirâmide? A polêmica que movimentou a Faria Lima

A palavra pirâmide assusta qualquer investidor. Talvez por isso qualquer assunto que a envolva vire assunto tão rapidamente no mercado.

Não foi diferente na última semana, quando a casa de research americana Grizzly Research LLC divulgou um relatório com acusações graves contra a XP, citando justamente o tal termo “esquema de Ponzi”.

Mais do que isso, o título do relatório divulgado ao mercado pela casa ainda cita o termo “Madoff”, comparando a XP com o icônico escândalo de investimento com ações e valores mobiliários em Wall Street descoberto no final de 2008.

//// Dica: Na Netflix, existe uma mini-série documentário que explica e relata como funcionava o esquema de Ponzi do empresário e investidor Bernard Madoff. Vale assistir.

🐻 Grizzly Research? What the hell is that? A Grizzly é uma casa basicamente especializada em procurar problemas nas empresas para apostar na queda das ações. É quase que um Léo Dias do mercado.

Ok… Mas o que diz o relatório?

Simplificando, o relatório acusa a XP de fraude ao operar um “esquema Ponzi massivo facilitado por certas vendas de derivativos para clientes de varejo”.

Na prática, a fraude ocorreria a partir dos fundos Gladius e Coliseu, em uma estrutura baseada na venda de Certificados de Operações Estruturadas (COEs).

“Sem o Gladius e o Coliseu, a XP não seria lucrativa”, apontou o relatório.

O argumento deles vem do fato de que os fundos proprietários da XP — usados como contraparte das operações com clientes — rendem bem mais que os fundos dos concorrentes.

Dá pra ver a diferença do Gladius e do Coliseu, fundos da XP, comparados com os fundos dos concorrentes. O gap é realmente brutal.

Em seguida, eles alegam que esses fundos rendem tanto por conta das operações de COE.

De fato, COE é um investimento polêmico. E não é novidade que eles são um dos produtos que mais dão dinheiro pra XP.

  • Por isso muita gente critica a quantidade de COE vendida pelos assessores da XP — e dos Bancos e corretoras em geral.

Você pode achar errado. Pode achar COE um produto ruim, mas, até aqui, a XP não está fazendo nada de ilegal. Não se configura como uma fraude.

Aqui entra o grande ponto: Segunda a Grizzly Research, que publicou o relatório, a XP estaria fraudando os resultados desses dois fundos.

A casa aponta que, em vez de registrar a receita com os COEs (que giram em torno de 4%-5% do valor aplicado pelo cliente), eles estariam registrando TODO o fluxo de COEs como resultado dos fundos.

Basicamente, eles dizem que, se um cliente aplicar R$100 mil em COE na XP, o Gladius registraria R$100 mil de lucro na operação — e não R$4 mil, que seria o correto. Segundo o relatório, pessoas de dentro da XP comprovaram a informação.

A conta que eles fazem, ou parecem fazer, para apontar isso é simples:

“Se o Gladius e o Coliseu deram R$11 bi de lucro com COEs, e cada COE dá 4% de comissão pra XP na teoria, a XP teria q ter vendido R$280bi em COE só em 2024! Não tem como a XP vender tanto COE assim em um ano só se os ATIVOS SOB GESTÃO (AUM) dela são R$170bi. Logo, isso seria uma fraude.”

Só que houve um pequeno grande deslize aí…

Para comparar esses supostos R$280 bi de COEs vendidos pela XP em 2024, é necessário comparar o lucro com os ATIVOS SOB CUSTÓDIA (AUC), e não com os ATIVOS SOB GESTÃO (AUM).

  • AUM é o quando a gestora da XP (XP Asset) tem sob gestão.

  • AUC é de fato todo o dinheiro que os clientes tem dentro da plataforma da XP nos vários produtos e ativos que ela oferece.

Atualmente, a XP tem R$ 170 bilhões de AUM mas R$1,1 trilhão de AUC. Considerando esse segundo número, a coisa fica bem menos absurda e começa a fazer sentido.

Ainda tem outro ponto… Esses R$11 bilhões que o Gladius e o Coliseu geraram de lucro para a XP não vêm só de operações de COE.

O Gladius é basicamente onde a XP joga todo o resultado (PNL) dela de operações com clientes, incluindo todos os termos, venda de opções com prêmio gordo, e todo tipo de coisa — e não são só os COEs.

Para ganhar esses R$11 bi no Gladius e Coliseu, a XP não só fez operações de COE, mas também usou o fundo como contraparte em diversos outros produtos. Eles ganham, por exemplo, spread em títulos públicos também:

Matéria Brazil Journal

Na prática, os R$ 11 bilhões são resultado de COE, sim, mas também de opções, termos, RLP, spread em Renda Fixa. Considerando mais de R$ 1 trilhão sob custódia, não é um absurdo (cerca de 1%).

Obs: O mais curioso é que a XP usa esses fundos como contraparte da operação com os clientes — e não ela mesma — por motivos tributários.

Fato é que o modus operandi da XP, através principalmente das Assesorias Autônomas de Investimento, é bastante contestado no mercado, por muitas delas, pela alta comissão, “empurrarem investimentos de má qualidade” — como a esmagadora maioria dos COEs — para o investidor, que na maioria das vezes aceitam a recomendação pela falta de experiência e conhecimento das oportunidades.

De qualquer forma, uma acusação de esquema de Ponzi vai muito além disso e, realmente, não tem fundamento. Aliás, a Grizzly parece ter pego alguns estudos feitos por outra casa de research lá de fora, Hidenburg.

Pelo visto, ela iria soltar uma análise dando short na XP, tendo chegado a subir algumas imagens em seu site, mas não tendo publicado nada oficialmente.

Agora, Grizzly embasou-se nessas imagens e em alguns depoimentos de clientes e ex-colaboradores da empresa de Benchimol para embasar a sua tese de short.

Aliás, um desses clientes que aparece na tese se manifestou publicamente:

Como a XP reagiu a isso tudo

Formalmente, a companhia divulgou um posicionamento, uma nota, esclarecendo que joga dentro das quatro linhas. Veja na íntegra:

O fundador e atualmente chairman da empresa, Guilherme Benchimol, mandou um e-mail interno para todo o time, esclarecendo informações sobre a tese short da casa de research gringa. Veja:

🏗️ INDÚSTRIA: As vendas de veículos subiram 12% no mês passado comparado com fevereiro de 2024 | No total, 185 mil unidades foram vendidas em fevereiro, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. (ISTOÉ DINHEIRO)

🌾 AGRONEGÓCIO: Brasil deve produzir 328,3 milhões de toneladas de grãos | A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atualizou suas perspectivas de Safra e anunciou que o Brasil deverá ter uma produção recorde de grãos. (Globo Rural)

🍽️ SERVIÇOS: O setor de serviços recuou 0,2% em janeiro | A retração do setor foi impulsionada por três das cinco atividades pesquisadas, com destaque para transportes, que caiu 1,8%. (Veja)

🛍️ VAREJO: Sócio da Farm fala sobre crise no Grupo Azzas | Após falas sobre a fusão entre os dois grupos ter desandado devido ao estilo diferente de gestão, as ações do Grupo Azzas tombaram mais de 10% em apenas um dia. (O Globo)

💰 O Brasil pode arrecadar mais de R$ 300 milhões com leilão de áreas para mineração na B3 em 2025 (IstoÉ Dinheiro)

📉 Fundos de investimento registraram resgate líquido de R$ 44,1 bi em fevereiro, segundo Anbima (IstoÉ Dinheiro)

🤖 A OpenAI firmou um contrato de US$ 11,9 bilhões com CoreWeave antes de IPO da startup (Exame)

🇦🇷 Milei assina um decreto para apoiar programa do FMI na Argentina (Valor)

🌾 A China deve demandar mais do agro do Brasil e afetar preços (CNN Brasil)

📊 Contas públicas têm um superávit recorde e a dívida bruta recua (Diário do Comércio)

🤑 A Rússia está usando Bitcoin e outras criptomoedas para negociar petróleo (Reuters)

Segunda, 17/03: Boletim Focus; divulgação do IBC-Br, a prévia do PIB; nos EUA, divulgação das vendas no varejo de fevereiro (com previsão de 0,6%);

Terça, 18/03: Dados de Produção Industrial nos EUA; no Brasil, divulgação do IGP-10, o Índice de Inflação mensal;

Quarta, 19/03: No Japão, decisão da taxa de juros (com previsão de 0,50%); na Zona do Euro, divulgação do IPC; no Brasil, divulgação da Taxa de Juros Selic;

Quinta, 20/03: Decisão da Taxa de Juros na Suíça e Reino Unido; nos EUA, divulgação de dados de Pedidos-Iniciais por Seguro-Desemprego; Balanço Patrimonial do FED;

Sexta, 21/03: Cúpula de Líderes da UE; no Brasil, divulgação dos dados da Receita Tributária Federal;

Quem é o responsável pela inflação estar subindo?

Na última semana, o IBGE divulgou os dados do IPCA de fevereiro, que tiveram uma alta de 1,31% no mês, o maior patamar para o período em 22 anos. Os grupos que mais puxaram foram habitação e educação:

  • No setor de educação, a alta de 4,70% foi devido a muitas escolas reajustarem suas matrículas no mês de volta às aulas;

  • Já em habitação, o maior fator foi a energia elétrica, que subiu 16,80% e foi responsável por quase 40% da alta do IPCA no mês. Lembra do tal “bônus de Itaipu?”; a conta parece ter chegado.

A meta brasileira diz que a inflação deve ficar entre 1,5 pp para cima ou para baixo da taxa de 3% — ou seja, um teto de 4,5%. Neste momento, ela está em 5,06%.

Uma consequência esperada é que, nesta quarta-feira, o Banco Central seja forçado a subir mais as taxas de juros na reunião do Copom.

Isso significa que a inflação está aumentando…

A perda do poder de compra na prática: R$ 100 no lançamento do Plano Real em 1994 equivalem, em poder de compra, a R$ 11,90 hoje.

A colaboração entre De Rosa e Pininfarina representa o encontro de duas excelências italianas no mundo do design e da tecnologia.

A parceria nasceu em 2015 com a apresentação da De Rosa SK Pininfarina, uma bicicleta de corrida de carbono caracterizada por linhas aerodinâmicas, elegância e desempenho.

Já se passaram 10 anos desde este primeiro projeto, o primeiro SK reflexo da aerodinâmica.

DOLLAR BILL // THAT'S ALL, FOLKS

BECAUSE MONEY MATTERS. A leitura semanal obrigatória para gestores, traders e CEOs. Toda segunda-feira na sua caixa de entrada.