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- 12/08/2024 | edição #0008
12/08/2024 | edição #0008
Quote: “Wealth is not his that has it, but his that enjoys it.” — Benjamin Franklin
Stat of the day: R$ 78 bilhões em aplicações | Cotistas fazem o maior investimento em fundos do ano em julho.
Read: Ata do Copom indica possibilidade de voltar a subir o juros. (Valor)
PRÉ ABERTURA | VARIAÇÃO SEMANAL
O carry trade mais famoso do mundo e a economia japonesa
O "carry trade" é uma estratégia muito comum no mercado financeiro, especialmente associada ao Japão.
É bem fácil de ser explicada: Você pega dinheiro emprestado em uma moeda com juros baixo e investe em um país com juros mais altos, aproveitando esse “spread”.
O carry trade é muito associado ao Japão, já que o País convive com juros zero ou até mesmo negativo desde 1999, explico mais abaixo.
Mas parece que o cenário mudou
Em 19 de março, o BOJ (Bank of Japan) subiu a taxa de -0,10% para 0,10% e agora no fim de julho de 0,10% para 0,25%, surpreendendo o mercado e causando um sell off na bolsa japonesa.
To be clear: Com a subida de juros acima do esperado no Japão (e forte intervenção do BOJ no câmbio), o Iene teve uma forte valorização e desencadeou uma corrida global para desfazer as operações de carry trade. As posições vendidas em iene foram acumuladas ao longo de anos de política monetária ultra-flexível do Banco do Japão. A estratégia, que consiste em se financiar na moeda japonesa, empurrou o Iene para o nível mais fraco desde 1980.
Além disso, indícios de uma economia mais fraca nos USA e queda de juros mais intensa do que o esperado é outro fator importante para a perda de atratividade do carry trade. Com um diferencial de juros Japão vs US menor, o “financiamento” se torna menos atrativo e precisa ser desmontado. Para isso, é necessário comprar Iene a fim de quitar os empréstimos feitos no país asiático, o levando a uma desvalorização do dólar contra a moeda japonesa (fluxo comprador de Iene).
O problema disso é: As grandes empresas japoneses são exportadoras e a sua receita é muito influenciada pela moeda norte-americana. Ou seja, dólar mais fraco significa resultados piores.
Está parcialmente explicada a queda brutal do Nikkei.
E qual o tamanho do carry trade? No one knows….
Essa é a pergunta de 1 bilhão de dólares.
O JP Morgan disse que 75% da estratégia já foi desfeita.
James Malcolm, estrategista macro do UBS focado no Japão, disse que somente 50% foi desmontado e estima que a estratégia estava na casa dos US$ 500 bilhões.
O Deutsche Bank, disse que o número é próximo de US$ 1 tri em empréstimos estrangeiros, mas se considerarmos o balanço do governo japonês pode chegar a US$ 20 trilhões.
Já a TS Lombard, consultoria macroeconômica global de Londres, estima em US$ 1.1 trilhões o tamanho do carry trade Iene.
A realidade é que ninguém sabe o real tamanho do problema e consequentemente o verdadeiro impacto da operação nas economias globais. Cenas do próximo capítulo.
A economia japonesa e a origem do carry trade
Nos anos 1980, o Japão experimentou um grande crescimento econômico, acompanhado por uma bolha nos mercados imobiliário e de ações. Quando a bolha estourou no início dos anos 1990, o Japão entrou em uma longa recessão, conhecida como a "Década Perdida".
PIB do Japão não cresce desde 1993.
Para combater a recessão e a deflação, (BoJ) reduziu drasticamente as taxas de juros a níveis extremamente baixas, muitas vezes próximas de zero, persistiram por décadas. Desde o estouro da bolha, o BoJ implementou várias medidas para estimular a economia, incluindo o "Quantitative Easing" (QE) e a manutenção de taxas de juros em níveis baixíssimos, visando incentivar o consumo e o investimento.
A deflação no Japão é o resultado de uma combinação de fatores históricos, econômicos, políticos e demográficos. O país tem lutado para escapar de uma espiral deflacionária, incluindo a estagnação dos salários e a baixa demanda interna (o japonês é um culturalmente um grande poupador). Paralelamente, o Japão enfrenta uma grande crise demográfica, com uma população em rápido envelhecimento e uma taxa de natalidade em queda. Em 2022, o número de mortes foi aproximadamente o dobro do número de nascimentos, queda populacional de 800mil pessoas em um único ano.
Apesar de todos os dados mostrados, nos números mais recentes, o Japão tem mostrado sinais de recuperação e esse é o motivo da morte do lendário carry trade?
Desde o fim da pandemia de COVID-19, o Japão tem experimentado uma mudança significativa em sua dinâmica inflacionária, uma alteração notável após décadas de luta contra a deflação. Essa alta na inflação foi uma surpresa para muitos e com a recente alta dos preços, o BoJ se encontra em um dilema: por um lado, a inflação finalmente está acima da meta de 2%, mas, por outro lado, essa inflação é em grande parte impulsionada por fatores externos, e não pelo fortalecimento da demanda interna. Será que é uma mudança de paradigma? Let’s see….
O que é relevante no mercado
🚀 Mobly compra controle da Tok&Stok e cria líder em móveis com R$ 1,6 bi em receita. (Bloomberg Línea)
🍎 Com salto de 499% em 2024, ação da Ambipar (AMBP3) segue em disparada após resultado. (InfoMoney)
📈 Kamala amplia vantagem sobre Trump nas bolsas de apostas. (Valor)
🍔 Como a Exxon quase desistiu de uma descoberta de petróleo de US$ 1 tri na Guiana. (Bloomberg Línea)
Segunda, 12/08: Bussiness Confidence BR + Consumer Inflation Expectations US
Terça, 13/08: ZEW Economic Sentiment EA + PPI US
Quarta, 14/08: GDP Growth Rate EA + CPI US+ Retail Sales BR + Industrial Production CN
Quinta, 15/08: GDP Growth Rate GB + Retail Sales US + Industrial Production US
Sexta, 16/08: IBC Economic Activity BR + Michigan Consumer Sentiment US
🏗️ Indústria: O que explica o prejuízo bilionário da Petrobras. | O prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado pela Petrobras no segundo trimestre surpreendeu o mercado. A repactuação de passivo no âmbito do litígio entre a estatal e o Carf refletiu no balanço. A desvalorização do real foi apontada como outro importante fator de impacto para o prejuízo da estatal, porque a variação cambial afetou obrigações entre empresas do Sistema Petrobras no exterior com a holding, de acordo com a companhia.
🌾 Agronegócio: Bradesco volta a comprar outro banco depois de cinco anos. | O Bradesco acaba de fechar um acordo com a operação brasileira da John Deere, fabricante americana de máquinas e equipamentos agrícolas e para o setor de construção, para comprar 50% do Banco John Deer. Com a nova transação, o Bradesco amplia a sua posição no financiamento ao agronegócio e construção. No segundo trimestre, o crédito rural do Bradesco representou 7% do portfólio de pessoa jurídica e 5% da carteira de pessoa física.
🛍️ Varejo: Vendas da “nata” do varejo brasileiro chegam a R$ 1,13 trilhão em 2023. | As 300 companhias que formam a “nata” do varejo no país, totalizaram vendas brutas de R$ 1,13 trilhão no ano passado. Em termos reais, representa um crescimento de 6,8%, o maior da história do levantamento, realizado pela SBVC, em conjunto com a área técnica da Cielo. Pelos dados, as 10 maiores cadeias do país detêm quase um quinto (18,8%) do varejo nacional, sendo que, em 2015, essa taxa era de 15,7%.
🍽️ Serviços: Financiamento de veículos cresce quase 30% em julho e tem melhor mês desde 2013. | Em julho, 626 mil veículos, entre usados e zero, foram comprados por meio de financiamento, o que representa um aumento de 27,2%, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Segundo levantamento da B3, é o melhor desempenho desde dezembro de 2013.
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