09/09/2024 | edição #0012

Quote: Lula está cagando de medo da liberdade nas redes” — Javier Milei, presidente da Argentina

Read: Is the era of the mega-deal over? (The Economist)

FECHAMENTO DE SEXTA-FEIRA | VARIAÇÃO SEMANAL

O que representa o PIB do 2T ter vindo acima da expectativa?

A atividade econômica nacional voltou a surpreender para cima no segundo trimestre do ano, apresentando um crescimento de 1,4% do PIB — comparando com o trimestre anterior (1T).

Até então, a expectativa média do mercado girava em uma alta de 0,9%.

(Imagem: IPEA)

Para se ter uma ideia, comparando com os outros principais países e economias do planeta, o Brasil teve a segunda maior alta do 2o tri, ao lado da Arábia Saudita e atrás, apenas, do Peru (+2,4%).

  • China e Estados Unidos tiveram crescimento de 0,7%. Todos os outros latinos também foram pior: México (0,2%), Colômbia (0,1%) e Chile (-0,6%).

Mas voltando a falar de Brasil…

Como é de se esperar, o mercado passou a fazer revisões positivas para as projeções do Produto Interno Bruto de 2024.

Em janeiro, os analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, projetavam uma alta de 1,6% para a atividade econômica em 2024. Agora, as previsões saltaram para a faixa de 3%.

Ainda há um certo debate sobre o impacto das reformas realizadas pelo Brasil nos últimos governos — principalmente trabalhista e da Previdência — contribuíram para o aumento do PIB potencial brasileiro, o que ajudaria a explicar a capacidade que o País tem mostrado de crescer num ritmo mais acelerado.

Essa eventual melhora tem se somado a fatores mais pontuais, como a um mercado de trabalho bastante aquecido.

By the numbers: O desemprego está em queda e a renda do trabalhador, em alta. Em julho, a taxa de desocupação continuou em tenência de queda, chegando a 6,8%.

(Imagem: IstoÉ)

Além disso, uma boa parte dos brasileiros tem se beneficiado pelos incentivos do governo, o que tem causado um consumo turbinado.

Isso porque Lula voltou a corrigir o salário mínimo pela inflação + alta do PIB de dois anos antes. Além disso, o pagamento dos precatórios e a antecipação do 13⁠º para aposentados também contribuíram.

Tanto que, no segundo trimestre, impulsionado por todos esses fatores, o consumo das famílias cresceu 1,3% na comparação com o primeiro trimestre, contribuindo de forma significativa para o bom resultado do PIB do período.

(Imagem: Estadão)

Mas nem tudo é mar de rosas…

O grande ponto de atenção do mercado é que essas medidas fiscais têm efeito pontual na economia — podendo causar uma lógica de “maquiagem”.

Pense que um crescimento acelerado e sem desequilíbrios, como a volta da inflação, por exemplo, depende dos investimentos.

  • Neste ano, a formação bruta de capital fixo deve voltar a subir, depois da queda observada no ano passado.

No 2T, a formação bruta de capital fixo marcou 16,8% do PIB — um resultado pouco superior ao observado no mesmo período do ano passado. Lembre que, no auge, entre 2010 e 2013, os investimentos chegaram a superar o patamar de 20% do PIB.

(Imagem: Estadão)

Há solução? Se pensarmos no público, a coisa complica. A melhora dos investimentos vai precisar vir, principalmente, do setor privado.

  • Isso porque a fragilidade das contas públicas não dá muito espaço para o setor público investir significativamente. Pelo menos, na teoria.

Na prática, se esses investimentos acontecerem — o que não é improvável, pensando no modus operandi do Lula III — a água bate na bunda do outro lado da coisa… As dívidas.

Nos últimos anos, aumentamos o tamanho da nossa dívida, gastando mais do que arrecadamos. Erramos, e continuamos insistindo no erro, na regra #1 das finanças. É muita vontade de errar.

O endividamento do Estado brasileiro é consideravelmente elevado para uma economia emergente, o que faz crescer a percepção de riscos dos investidores com o futuro do País.

Em 2024, os analistas projetam que a dívida bruta será de 78,2% do PIB. A expectativa é que ela vai continuar crescendo nos próximos anos, atingindo o pico em 2032, ao chegar a quase 90% do PIB.

(Imagem: Estadão)

O governo até tem prometido controlar as contas públicas, mirando o tal déficit zero neste e no próximo ano e virar a chave em 2026, alcançando superávit de 0,25% em 2026. Pelo andar da carruagem, as chances disso acontecer são abaixas — mesmo com aumento dos impostos.

O que vem pela frente?

Naturalmente, a economia aquecida além do esperado causa mais expectativas por alta da inflação. Mesmo com boa parte do mercado acreditando em uma moderação da atividade no segundo semestre, é bem provável que o Copom suba consideravelmente a taxa básica de juros, pensando em controlar a inflação e trazê-la para o centro da meta, de 3%.

(Imagem: Estadão)

Até semana passada, as projeções para o IPCA eram de 4,26% para 2024, 3,92% em 2025 e 3,60% para 2026. A próxima reunião do Copom está marcada para 17 e 18 de setembro. Já pode ir tendo saudade da Selic a 10,5% ao ano… risos. de nervoso.

Atualização

No Boletim Focus publicado há poucas horas, a expectativa da inflação para 2024 subiu pela oitava semana seguida, chegando a 4,30%.

As manchetes mais relevantes do Brasil e do mundo

Capa Valor - 09/09/2024

🇺🇸 “Cenário base”: Dirigentes do BC dos EUA sugerem que corte de 0,25 ponto percentual (Valor Investe)

🤨 IOF e im/exportação na mira: Governo avalia elevar impostos que não dependem do Congresso para fechar contas (InfoMoney)

💰️Pézinho no chão. BlackRock, maior gestora do mundo, reduz risco em portfólios diante de novo cenário (Bloomberg Línea)

🇦🇷 Gestão. Aerolíneas Argentinas teve o 1º mês lucrativo em 7 anos, com redução de 70% no déficit operacional (The Investor)

🗓️ Novidade. XP lança fundo conservador com resgate a qualquer hora e dia da semana (Valor Investe)

🚿 Leilão. Iguá paga R$ 4,53 bilhões pela concessão de Sergipe (Brazil Journal)

🤔 STF: Instituições financeiras devem fornecer dados de clientes ao Fisco (Valor Econômico)

💸 Voando, hein? Correios registra prejuízo de R$1,35 bi no 1º semestre (The Investor)

🔥 Mais de 100 mil hectares. Incêndios causam prejuízo de R$ 800 mi a produtores de cana (Poder360)

Segunda, 26/08: Focus, Inflação China

Terça, 27/08: IPCA, Debate Trump vs. Kamala (ABC News)

Quarta, 28/08: Pesquisa Mensal de Serviços, CPI (EUA)

Quinta, 29/08: Pesquisa Mensal de Comércio, PPI (EUA), Decisão Juros Banco Central Europeu

Sexta, 30/08: IBC-Br, Produção Industrial (China)

Para ver as expectativas desses índices: internacionais e nacionais.

🏗️ Indústria: Produção industrial devolve parte da alta de junho e cai 1,4% em julho, diz IBGE | Em relação a julho de 2023, a indústria teve crescimento de 6,1% na sua produção; no ano, acumula alta de 3,2% e, em 12 meses, expansão de 2,2%.

🌾 Agronegócio: Petrobras avalia projeto de US$ 800 mi para fábrica de fertilizante | Segundo pessoas ouvidas pela Bloomberg News, a empresa tem acelerado os planos para voltar ao segmento de fertilizantes à medida que o agro cresce no país, o que inclui a retomada das obras da fábrica UFN-III.

🛍️ Varejo: Sicupira e filho de Lemann deixam o conselho da Americanas | O novo conselho da companhia não contará mais em sua composição com a participação de Carlos Alberto Sicupira e de Paulo Lemann, o filho do Jorge Paulo. A AMER3 subiu 15% na última semana.

🍽️ Serviços: Segmento de comunicação perde espaço no setor de serviços | Em 2013, setor era predominante na receita bruta de serviços de 14 unidades da Federação; em 2022, perdeu espaço em todas. O principal motivo disso foi a queda de receita das empresas de telefonia.

Gustavo Franco, um herói nacional

Escutar 1h de Gustavo Franco falando sobre as grandes questões da economia brasileira atual pode ser uma boa forma de absorver a visão de um dos maiores nomes da economia do país. De “brinde”, ainda tem Ruy Alves, da Kinea. Clique e aproveite a aula.

Jannik Sinner: O Grande Campeão do US Open 2024

Seja o primeiro do seu país a ganhar um US Open. Faça isso com só 23 anos de idade. Receba o troféu das mãos de Andre Agassi. Esse foi o final de semana de Jannik Sinner, o TOP-1 do mundo. 🇮🇹 🏆️🎾 

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