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- 05/08/2024 | edição #0007
05/08/2024 | edição #0007
Quote: "O mercado de ações é preenchido com indivíduos que sabem o preço de tudo, mas o valor de nada." — Philip Fisher
Stat of the day: R$ 310 mil | Montante total que medalhistas do Time Brasil vão pagar em impostos sobre as premiações
Read: Can Nicolás Maduro be stopped from stealing Venezuela’s election? (The Economist)
Black Monday? Ainda no início da nossa madrugada, a Bolsa de Tóquio já abriu o dia em uma forte queda, antecipando que a segunda-feira de Wall Street (e da Faria Lima) não seria nada agradável — muito pelo contrário.
O motivo inicial: Como os juros japoneses são historicamente baixos, investidores pegam dinheiro emprestado lá (a 1,5% a.a.) para colocar esse dinheiro em outros países que pagam juros mais caros (5,25-5,50% a.a. dos EUA, por exemplo). Esse é o conhecido carry-trade.
Acontece que a expectativa é que o Banco Central Japonês aumente os juros do país. Isso sem falar que voltou ao radar a possibilidade de recessão dos EUA, aumentando as possibilidades do Fed fazer cortes na taxa, o que também desincentiva essa operação.
Com isso, esses investidores estão retirando seus investimentos dos juros dos EUA e de outros países para comprar ienes e quitar seus empréstimos antes que a taxa suba — o que tornaria esse carry-trade mais arriscado e menos vantajoso.
Logo, a moeda japonesa passa a se valorizar. Como a economia japonesa é essencialmente exportadora, o iene valorizado significa menores lucros futuros para as empresas, fazendo suas ações despencarem.
No final das contas, as Bolsas no Ocidente abriram essa manhã e estão nesse momento em forte queda, em uma consequência do movimento de falta de apetite ao risco.
Variações da manhã de hoje (05/08)
Enquanto isso, o dólar está em forte tendência de alta, já tendo batido R$ 5,80. Será uma longa semana pela frente.
*VARIAÇÃO SEMANAL
Microsoft soltou balanço, and that's what we're gonna talk about…
Na última terça a Microsoft divulgou o resultado do quarto e ultimo trimestre fiscal da companhia.
Algumas empresas adotam um padrão de divulgação de resultados diferente, no caso de MSFT, o ano fiscal se encerra em 30/jun.
Dessa vez, os resultados não animaram os mercados, com as ações caindo 3,76% no dia 30/07. Vamos abrir os números e tentar entender um pouco melhor de onde vem a frustração.
A queda é bastante atribuída a “desaceleração” do crescimento da receita do serviço de computação em nuvem da Microsoft (Azure), que cresceu “só” 29% no trimestre, contra 31% no período anterior.
Os números abaixo, mostram o crescimento de receita por setor da companhia no último semestre (assustador para uma companhia que já fatura 245 bilhões de dólares no ano).
Para ser bem claro, TUDO cresce, exceto devices, mas who cares?
A receita total cresceu 15,67% no ano fiscal, a margem bruta subiu quase 1%, indo para 69,76% (all right, all right, all right). Ou seja, aquilo que já era bom está ainda melhor.
Mas então por que caiu quase 4%?
É simples. A expectativa sobre a companhia é sempre muito alta, principalmente nos setores de AI e Cloud Services, o que leva a companhia a “tradar” em múltiplos muito altos, refletindo esse crescimento implícito futuro.
Na teleconferência da terça-feira, a CFO Amy Hood disse que, embora o crescimento do Azure continue desacelerando no trimestre atual, que começou em julho e termina em setembro, investimentos em data centers e servidores permitirão que a empresa consiga atender a demanda e volte a crescer a Azure na segunda metade do ano fiscal (outubro-dezembro) de 2025.
Como todos sabem — e já foi falado aqui — a sobre demanda de semicondutores e consequentemente hardware para atender os serviços de CLOUD e AI é evidente, e no caso de Microsoft, tem impactado os resultados. Aprofunde se quiser:
Além disso, horas antes de reportar seus resultados, vários serviços (Azure, Office 365, Outlook, etc) sofreram interrupções.
Para completar, algumas semanas atrás, houve o tal problema em conjunto com a empresa de segurança cibernética CrowdStrike Holdings que lançou uma atualização de software com defeito e derrubou milhões de computadores pelo mundo.
A Microsoft é uma máquina de crescimento e resultados, margens altas, números bizarro, ou seja, tudo que um bom “value investor” gosta. Mas isso não necessariamente significa que é para comprar…
A Microsoft negocia a múltiplos altos, refletindo toda essa expectativa de crescimento em seu preço. 37,85 vezes lucro, 13,55 vezes receita e 25,42 vezes Ebitda.
Está incluído nesses múltiplos também o fato da companhia ter 70,5 bilhões de dólares em caixa e 67,1 bilhões em dívida, ou seja, net cash de US$ 8,4 bilhões.
O único problema é que quando você é negociada a múltiplos tão altos, a expectativa é sempre muito alta (principalmente ao crescimento) e qualquer pequena frustração pode significar uma grande queda no preço da ação.
E o valuation?
Usei o ChatGPT para me ajudar a fazer um valuation básico da companhia, assumindo um WACC (weighted average capital cost) de 18,08% e um FCF (free cash flow) com uma taxa de crescimento de 15% perpétuo (kkkkkk).
O resultado do DCF (discounted cash flow) da Microsoft foi um valor intrínseco de 2,15 bilhões de dólares, ou seja, 30% abaixo do que a empresa vale hoje.
É claro que o modelo é extremamente simplista e não reflete as diversas frentes de negócios inovadoras e disruptivas que a Microsoft tem em sua cadeia, além de ser generalista nos números usados como parâmetro.
Mas, contudo, entretanto, todavia, é notável que no preço que a ação está hoje (atual valution), a empresa tem implícito um crescimento de mais de 15% ao ano à perpetuidade. Otimista demais?
Analistas dizem: it’s a strong buy!
Nota de rodapé: A realidade é que estimar o valor futuro de uma companhia baseada em seu crescimento e expectativas de resultados é complexo e depende de diversas variáveis.
O que é relevante no mercado
🚀 Iron Dome de Israel abate 50 foguetes do Hezbollah e escalada de ataques preocupa. (Valor)
🍎 Berkshire, de Buffet, diminui participação na Apple e fica com caixa record. (Bloomberg Línea)
📈 Goldman Sachs aumenta chances de recessão para 25% nos EUA em 2025. (Info Money)
🍔 Madero amplia geração de caixa, paga dívida com bancos e avança em cartilha de IPO (Bloomberg Línea)
👜 Herdeira da Hermès afirma que fortuna de 13 bilhões de dólares sumiu. (Forbes)
Segunda, 05/08: S&P PMI US + ISM Services PMI US + S&P PMI BR
Terça, 06/08: Balance of Trade BR + Retail Sales EA + Car Production BR
Quarta, 07/08: Balance of Trade DE + NAB Business Confidence AU
Quinta, 08/08: Balance of Trade CN + Jobless Claims US + Inflation Rate CN + PPI CN
Sexta, 09/08: IPCA BR + Inflation Rate DE
🏗️ Indústria: A crise da Coteminas: da dívida com a Farallon Capital à venda da mmartan. | Com uma dívida superior a R$ 2 bilhões, o grupo têxtil Coteminas (CTNM4), entrou em recuperação judicial (RJ). O grupo industrial fechou acordo com um a gestora Farallon Latin America, um dos principais credores, para evitar a declaração de vencimento antecipado das debêntures. Com o acordo, a Coteminas se compromete com um plano de venda potencial da mmartan, uma das “joias da coroa” da companhia.
🌾 Agronegócio: Volta do La Niña nos próximos meses é ameaça de estiagem em parte do Brasil. | Um La Niña deve se formar neste segundo semestre, revertendo assim alguns dos prejuízos causados por um El Niño mais intenso em quase uma década, que acabou de terminar. Durante o La Niña, o Oceano Pacífico fica mais frio do que o normal perto da linha do equador, desencadeando chuvas fortes na Ásia e condições mais secas na América do Sul.
🛍️ Varejo: Mercado Livre é a empresa mais valiosa da América Latina. | Com uma alta de 10% nas ações após resultados acima das expectativas, Mercado Livre ultrapassou a Petrobras atingindo valor de mercado de 93 bilhões de dólares, contra 86,8 bilhões de dólares da petroleira estatal.
🍽️ Serviços: Preço médio da refeição completa fora do lar ultrapassa R$ 50. | Comer fora de casa está cada vez mais caro e já ultrapassou o preço médio de 50 reais. Variação do preço de uma alimentação completa foi de 10,8% de março a maio desse ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Depois que a Berkshire Hathaway vendeu mais de US$ 80 bilhões em ações da Apple o caixa da gestora de Warren Buffett chegou a US$ 277 bilhões. Isso é mais do que tem o Federal Reserve.
O Trade de 1 bilhão de reais
Nesse corte retirado do Stock Pickers o convidado Christian Keleti gestor da Alpha Key, conta sobre o trade de R$ 1 bilhão no primeiro dia de trabalho na mesa de operações do Credit Suisse. Seus clientes eram ninguém menos que Pedro Cerize e Luis Stuhlberger.
Novak Djokovic: O campeão de tudo
Com 24 títulos de Grand Slam, já se podia chamar Djokovic de o maior tenista de todos os tempos, dominando todas as superfícies do esporte.
10x Australian Open
3x Roland Garros
7x Wimbledon
4x US Open
Agora, aos 37 anos, o sérvio conquistou sua primeira medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris, derrotando Carlos Alcaraz (21 anos) e ganhando literalmente tudo no esporte. GOAT.
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