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- 04/08/2025 | edição #0052
04/08/2025 | edição #0052

Bom dia. O adiamento do tarifaço pode ser uma boa pedida para um prato mexicano no café da manhã. Já ouviu falar de Taco? Rs.
Vamos nessa. Começando pelos nossos QUICK TAKES da semana.
Quote: “A nossa proposta que está sendo encaminhada não vai exigir [recursos fora da meta fiscal], embora tenha havido da parte do TCU, conseguimos operar dentro do marco fiscal sem nenhum tipo de operação”, Geraldo Alckmin, vice-presidente, sobre a ajuda planejada pelo governo às empresas afetadas pelo tarifaço, no Mais Você.
Stat: PIB dos EUA supera expectativas e avança 3% no segundo trimestre (CNN Brasil)
Read: Vale a pena ter ações de educação no portfólio? Grandes nomes da Faria Lima respondem (Market Makers)

VARIAÇÕES SEMANAIS | COTAÇÕES DE SEXTA-FEIRA, 01/08 (PÓS FECHAMENTO)


Crise made in China
A Gerdau vive um momento agridoce. E o balanço do trimestre é o melhor retrato disso — além do que veio depois dele (falaremos adiante).
A companhia, que é a maior empresa brasileira do aço, reportou um aumento de 1,7% na receita líquida. E vai pagar dividendos relevantes.

Mas o problema surge quando o número é olhado no detalhe: Enquanto a operação nos Estados Unidos cresceu 12,5%, a receita no Brasil perdeu 11,5%.
Por causa disso, o presidente da companhia, Gustavo Werneck, afirmou que deve reduzir os investimentos no Brasil em 2026 e direcioná-los para a América do Norte.
“Não tem sentido continuar investindo no Brasil, porque o governo não faz a proteção ideal do mercado. Lá, esses investimentos têm se traduzido em captura de margem e atendimento de demanda”.
Só neste ano, a Gerdau demitiu 1.500 funcionários no país.
O cenário, embora surpreendente, é previsível. Não é de hoje que empresas do setor, como a Gerdau e sua concorrente CSN alertam para males que vêm do Oriente.
Mais precisamente, o aço chinês.

A CSN Mineração também viu seu lucro líquido encolher no segundo trimestre de 2025. A queda foi de 92,3% no resultado em comparação com o mesmo período do ano passado.
A China é líder mundial na produção de aço. Produz mais do que todo o resto do mundo somado, como mostra o gráfico.
Não é que a indústria nacional seja irrelevante. Segundo o Instituto Aço Brasil, são:
31 usinas administradas por 11 grupos empresariais;
51 toneladas de aço bruto de capacidade instalada;
US$ 1,8 bilhão de saldo comercial anual;
3,6 milhões de toneladas exportadas de produtos siderúrgicos.
No cenário latino-americano, o Brasil concentra 58% de share.

Fonte: Instituto Aço Brasil
Mas nada disso é páreo para a China. Nem no mercado nacional. O aço chinês é subsidiado pelo governo e consegue entrar nos mercados estrangeiros com preços até 19% mais baratos.
Isso explica um pouco do salto no número de exportações. Só para a América Latina foram 10 milhões de toneladas em 2023, contra 85 mil há 20 anos.
Práticas desleais? Em junho deste ano, o Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços abriu uma investigação sobre as exportações de 25 grupos de aço da China.
A intenção é saber se o que a China tem feito com o aço configura a prática de dumping. Este tipo de investigação é extensa e pode durar de 10 a 18 meses.
Se for comprovado, o governo pode aplicar direitos antidumping por um prazo de até 5 anos.
O tarifaço também pode prejudicar mais a indústria de aço brasileira. Isso porque a China foi sobretaxada nos Estados Unidos e pode decidir redirecionar sua produção para outros países clientes, aumentando a entrada de seu produto no Brasil.
A Gerdau ainda goza de uma vantagem: sua instalação em solo americano, que a livra de tarifas extras.
Poluição extra. Outro ponto que tem mobilizado a indústria nacional contra o aço chinês é o meio ambiente.
A fabricação de aço no Brasil é mais limpa que na China — e isso também encarece a produção por aqui em relação ao país asiático. Para efeito de comparação:
A tonelada de aço chinês emite 2,4 toneladas de gases de efeito estufa.
A produção brasileira emite 1,7 tonelada de CO₂.
A diferença está no carvão utilizado: os chineses usam o mineral, os brasileiros, o vegetal.
Nesta semana, a indústria do aço recebeu um leve alívio. Uma série de produtos do setor acabou entrando na lista de exceções do tarifaço dos Estados Unidos. Assim, produtos como itens semi acabados e componentes industriais ficaram de fora da nova alíquota.
Um pequeno respiro externo, enquanto internamente nada muda.

🏗️ INDÚSTRIA: A BYD queria um ‘tax break’ pra chamar de seu. A indústria automotiva reagiu. | O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) se posicionou contra um pleito da montadora chinesa (Brazil Journal)
🌾 AGRONEGÓCIO: Setor cafeeiro pode ser forçado a redirecionar produção, diz USP | Em meio ao tarifaço, produtores devem mandar parte de sua produção para outros países (Agência Brasil)
🍽️ SERVIÇOS: Confiança de serviços no Brasil tem em julho menor nível em 4 anos, diz FGV | Índice de Confiança de Serviços caiu 1,0 ponto e foi a 89,7 pontos, menor nível desde maio de 2021 (CNN Brasil)
🛍️ VAREJO: Carrefour aprova empréstimo de R$ 9,8 bilhões para refinanciar dívida | A expectativa é que o refinanciamento da dívida gere um impacto positivo de até 100 milhões de euros, cerca de R$ 650 milhões (Metrópoles)

Tarifaço de Trump: presidente do México consegue pausa de 90 dias para negociar com os EUA (G1 Economia)
Planos de corte de empregos nos EUA aumentam devido à IA e às tarifas, mostram dados da Challenger (Bloomberg)
Tarifas devem acelerar M&As na siderurgia brasileira, segundo Alvarez & Marsal (Bloomberg Línea)
Pacote ‘antitarifaço’ será escalonado; grandes grupos pedem 6 meses de validade e Reintegra (Valor)
Meta e Microsoft disparam com resultados; capex com AI explode (Brazil Journal)
Atividade industrial da China esfria com enfraquecimento da demanda (CNN Money)
Os afetados pelo caso Libra expandem suas queixas em Nova York e miram a irmã de Milei (El País)
A estranha dinâmica da CVM na dispensa de OPA da Ambipar (Pipeline)
COP30 na Amazônia em xeque: países questionam preços de hospedagem em Belém (PA) e pressionam Brasil a transferir evento (Seu Dinheiro)

Segunda, 04/08: Boletim Focus, Caged e IPC-Fipe (Brasil); Encomendas à indústria (EUA); Receita tributária (Argentina);
Terça, 05/08: PMI do setor de serviços (Zona do Euro); Ata do Copom (Brasil); Balança comercial (EUA);
Quarta, 06/08: Balança comercial (Brasil); Vendas no varejo (Zona do Euro); Estoques de petróleo bruto (EUA);
Quinta, 07/08: Balança comercial e reservas cambiais (China); IGP-DI e Produção de veículos (Brasil); Pedidos de seguro-desemprego e Balanço patrimonial do FED (EUA);
Sexta, 08/08: IPC e IPP (China).

Threads que vimos e que vale você ver também
#01 - Os efeitos do tarifaço na inflação americana
The tariff inflation impulse to CPI and PCE is clear to see for stuff we import from China: furnishings (top row) and recreational goods (bottom row). Monthly inflation is 100 - 120 bps above where it normally would be around this time of year. That's a massive inflation shock...
— Robin Brooks (@robin_j_brooks)
8:39 PM • Jul 31, 2025
#02 - Os motivos para o crescimento da exportação na China
Em 30 anos, as exportações da China cresceram 80 vezes.
1990: US$ 45 bi
2021: US$ 3.6 trilhõesComo a China escapou do Neoliberalismo?
A receita do sucesso foi o comunismo?
Ser uma civilização milenar?Vou te mostrar 10 acertos dos chineses:🧵
— Paulo Gala (@paulogala)
8:19 PM • Jul 31, 2025

Imersão de luxo na Amazônia

(Imagem: Anavilhanas Jungle Lodge)
Enquanto os turistas se digladiam por lugares baratos em Belém (PA) por causa da COP 30, hotéis de imersão fazem sucesso em outros pontos da Amazônia, como esse no Amazonas.
No coração da floresta amazônica, às margens do Rio Negro, o Anavilhanas Jungle Lodge propõe uma imersão na maior floresta tropical do mundo.

(Imagem: Anavilhanas Jungle Lodge)
Esse tipo de hospedagem tem feito sucesso no país com similares no Pantanal e na Mata Atlântica. Neste aqui, a diária começa a partir de R$ 3.700.
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